Famílias de mortos em obras vivem luto em meio a clima de festa da Copa


Oito operários morreram em acidentes na construção e reforma de estádios. Arenas Corinthians e da Amazônia tiveram mais vítimas: três em cada uma.

A Copa do Mundo de 2014 vai começar nesta quinta-feira (12) na Arena Corinthians, um dos 12 estádios construídos, reformados ou reconstruídos para o Mundial. Oito operários morreram em acidentes de trabalho nos enormes canteiros de obras – quatro vezes mais mortos que nas obras dos dez estádios da Copa de 2010, na África do Sul.

A primeira morte ocorreu no Estádio Nacional, de Brasília, em 11 de junho de 2012. A última foi na Arena Pantanal, em Cuiabá, em maio deste ano. Os estádios de São Paulo e de Manaus foram os que registraram mais mortes: três em cada um.
Na Justiça, apenas o processo do primeiro acidente teve conclusão. Foi arquivado a pedido do próprio Ministério Público, que entendeu que o operário José Afonço Rodrigues foi imprudente e contribuiu para o acidente no Estádio Nacional. Assim, ninguém será responsabilizado criminalmente pela morte. A família foi indenizada pela empresa que José Afonço trabalhava.
Nos demais casos, a Polícia Cilvil ainda investiga as causas e eventuais responsáveis pelas mortes nas obras dos estádios.
"Até a Copa vai ser complicado para assistir", afirma Keille Pereira, 19, que perdeu o pai, Fabio Luiz Pereira, na obra da Arena Corinthians, resumindo o sentimento dos familiares das vítimas.

O G1 procurou as famílias dos operários mortos e conseguiu ouvir seis delas às vésperas do início do Mundial. Para quem perdeu pai, filho ou irmão na construção dos estádios, ver a bola rolando para as 32 seleções da Copa será uma sensação estranha, de dor e vazio.

ARENA CORINTHIANS (SP): TRÊS OPERÁRIOS MORTOS


'Para mim, a Copa não existe'
- Sueli Dias, mãe do operário Fábio Hamilton da Cruz.
Na construção da Arena Corinthians morreram três operários. Entre eles Fábio Hamilton, de 23 anos, que caiu de uma altura de nove metros em março deste ano. Em novembro de 2013, morreram Ronaldo Oliveira dos Santos, 43, e Fábio Luiz Pereira, 41, na queda de um guindaste.

ARENA DA AMAZÔNIA (AM): TRÊS OPERÁRIOS MORTOS


'Não tem como esquecer'
- Marcos Antônio Ferreira, irmão do operário Marcleudo de Melo Ferreira.
A Arena da Amazônia teve três operários mortos na sua reconstrução. Marcleudo Ferreira, de 22 anos, morreu ao cair de uma altura de 45 metros em dezembro de 2013. O português Antônio José Pita Martins, 55, e Raimundo da Costa, 49, foram as outras vítimas. 

ARENA PANTANAL (MT): UM OPERÁRIO MORTO

 
'Dinheiro não trará ele de volta'
- Eliana Maria Antunes Maciel, mãe do operário Muhammad'Ali Maciel Afonso.
A menos de 15 dias para a conclusão da Arena Pantanal, em Cuiabá (MT), foi registrada a única morte de operário durante a obra. Muhammad'Ali Maciel Afonso morreu ao receber uma decarga elétrica em maio deste ano.  
ESTÁDIO NACIONAL (DF): UM OPERÁRIO MORTO

 
 
'Ele queria fazer uma casa para mim'
- Regina Lúcia de Oliveira, mãe do operário José Afonço de Oliveira Rodrigues
O Estádio Nacional de Brasília registrou a primeira vítima de acidente nos canteiros de obras das arenas da Copa em 11 de junho de 2012, quando morreu o operário José Afonço, de 21 anos. Ele trabalhava na obra havia pouco mais de um mês.

 

 Fonte: G1
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