Resultados preliminares da investigação apontam ainda que a aeronave bateu contra montanha em baixa velocidade, o que explica ter havido sobreviventes. Razão pela qual havia pouco combustível será objeto de apuração.
A aeronave com a delegação da Chapecoense estava sem nenhum combustível ao cair,
apontam os resultados preliminares da investigação do acidente,
divulgados na noite desta quarta-feira (30) em Medellín, na Colômbia. A
aeronave, que havia saído de Santa Cruz de la Sierra rumo a Medellín,
bateu contra uma montanha na cidade de La Unión na madrugada de
terça-feira (29). Das 77 pessoas a bordo, 71 morreram e seis
sobreviveram.
"Podemos afirmar claramente que a aeronave não tinha combustível no
momento do impacto", disse Freddy Bonilla, secretário de Segurança Aérea
da Colômbia.
A constatação da ausência de combustível se deu nas primeiras inspeções
dos destroços do avião, afirmou Bonilla. Diante das evidências, segundo
ele, os investigadores trabalham com a hipótese de "pane seca", quando a
falta de combustível faz parar os sistemas elétricos da aeronave.
"Iniciamos uma apuração para esclarecer o motivo pelo qual essa aeronave
estava sem combustível no momento do impacto", disse o secretário.
A tripulação do Avro RJ-85
da companhia aérea boliviana LaMia pediu prioridade para pousar em
razão da falta de combustível à 0h48 (horário de Brasília). Quatro
minutos depois, à 0h52, declarou emergência. Os destroços foram
encontrados a 17 km do aeroporto José María Córdova.
Uma gravação divulgada pela imprensa colombiana nesta
quarta mostra conversa entre um dos pilotos do voo em que ele pede
prioridade à controladora de tráfego aéreo justamente em razão da falta
de combustível e de pane elétrica. Bonilla afirmou que a equipe de
investigação já tem todas as transcrições das conversas entre o voo da
LaMia e o controle de tráfego aéreo.
Na última posição em que foi identificado pelos radares colombianos,
ainda de acordo com Bonilla, o avião estava mais baixo do que deveria
estar: 2.743 metros (9.000 pés), quando a altitude mínima a ser mantida
na região era de 3.048 metros (10 mil pés). A necessidade de se manter a
determinada altitude acontece em consequência das montanhas no entorno
de Medellín.
A análise dos dados das caixas-pretas, já recuperadas,
permitirá saber a razão pela qual o piloto estava fora da altitude
correta. O equipamento registra as conversas a bordo da cabine de
comando e também o o comportamento dos instrumentos e motores da
aeronave nos momentos anteriores à queda. O trabalho, no entanto, pode
levar meses.
Plano de vooO
plano de voo previa uma rota direta entre Santa Cruz de la Sierra e
Medellín. Essa opção da tripulação será objeto de apuração pelos
investigadores colombianos. Isso porque a autonomia da aeronave, cerca
de 3.000 km, era quase a mesma da distância entre as duas cidades. A legislação boliviana obriga um avião a ter combustível suficiente para chegar ao destino, a um aeroporto de alternativo e ainda mais 45 minutos de voo em altitude de cruzeiro.
SobreviventesBonilla
explica que a aeronave bateu contra o solo numa montanha e perdeu a
cauda. Depois as asas e a cabine impactaram do outro lado da montanha.
Segundo ele, o avião bateu em baixa velocidade contra a montanha, 250
km/h, o que permitiu ter havido sobreviventes --que estavam em posições
diferentes da cabine de passageiros, disse. Questionado a respeito, ele
acrescentou que não recebeu denúncias de irregularidades contra a LaMía,
empresa cujo único avião era exatamente o que se acidentou. O
comandante da aeronave, morto na queda, era um dos donos da companhia.
O avião havia sido fretado pela Chapecoense. Levava atletas,
dirigentes, jornalistas e convidados para a partida contra o Atlético
Nacional, pela final da Copa Sul-Americana. Em razão do acidente, a
partida foi adiada.
Veja a lista de mortos na tragédia, que inclui 19 atletas e 21 jornalistas. Na última divulgação feita pelo governo colombiano, 45 dos 71 mortos haviam sido identificados.
Fonte: G1/Mundo
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