Apresentado pelo governo como principal componente de sua política de
desenvolvimento, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) continua sendo,
acima de tudo, um grande empreendimento imobiliário.
Foram aplicados até o fim de agosto, em todos os projetos, R$ 665 bilhões,
67,2% do total previsto para o PAC 2, desenhado para o período 2011-2014,
segundo o balanço divulgado ontem pelos ministros do Planejamento, Miriam
Belchior, e da Fazenda, Guido Mantega.
Mas R$ 217,4 bilhões, cerca de um terço do valor aplicado, foram destinados a
financiamentos imobiliários. Juntando a essa parcela os R$ 60 bilhões gastos com
o Minha Casa, Minha Vida, chega-se a 41,7% do total aplicado.
A predominância dos projetos imobiliários fica ainda mais ressaltada quando
se consideram somente as "ações concluídas" a partir de 2011 e avaliadas em R$
448,1 bilhões.
A soma destinada a construções habitacionais, financiamentos imobiliários e urbanização de assentamentos precários chegou a R$ 277,7 bilhões, ou 62%, quase dois terços, portanto, daquelas ações.
Ninguém contesta a importância de programas de moradia e de urbanização. Ao contrário: ainda faltaria investir muito mais em saneamento para complementar essas iniciativas de interesse social.
Mas um programa acelerador do crescimento - com efeitos estruturais e, portanto, de longo prazo - só produzirá os benefícios prometidos e alardeados pelo governo se for destinado à eliminação de gargalos e à elevação da produtividade geral da economia, atualmente muito baixa.
No entanto, a parte mais bem-sucedida do PAC continua sendo a imobiliária e isso se explica facilmente: é muito mais simples liberar financiamentos do que elaborar e executar projetos de infraestrutura ou estabelecer parcerias com o setor privado.
Fonte: Blog do Nobrat
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