Ele teve 72% do corpo queimado ao retirar uma criança de um ônibus em chamas 
em São Luís, no dia 3 de janeiro. Ainda usando roupas especiais devido aos 
ferimentos, Márcio concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira 
(4). Agradeceu aos médicos que ajudaram na sua recuperação, disse que não vê a 
hora de abraçar a família e garantiu: “Faria tudo de novo”.
 
Nesta semana, ele foi liberado para voltar para casa, mas terá de retornar à 
capital goiana pelo menos uma vez por mês para continuar o tratamento. Feliz, 
ele não vê a hora de rever sua família. “Eu estou ansioso para voltar para casa 
e dar um abraço na minha esposa, nos meus filhos e, principalmente, na minha 
mãe”, aguarda.
 
Durante a entrevista, o entregador de frangos relembrou o que ocorreu no dia 
em que se feriu e acredita que estava predestinado a embarcar naquele ônibus, 
incendiado por criminosos.
 
“Passaram três ônibus da mesma linha antes e eu não quis entrar. Estavam 
muito cheios. Depois que eu consegui entrar, 20 minutos depois, os homens o 
pararam, mandaram todo mundo descer e tacaram fogo”, diz.
 
Ele explicou que os criminosos jogaram gasolina em sua camisa e que, quando 
conseguiu sair, já em chamas, se jogou em uma poça de lama. “Foi quando eu ouvi 
a mãe e as duas meninas gritando. Naquela hora, eu vi que não tinha ninguém para 
ajudar e saí correndo para tirar elas do fogo”, recorda-se.
 
Mesmo ferido, Márcio conseguiu retirar a menina Ana Clara Santos Sousa, 6 
anos, do ônibus. Ele a abraçou ao sair do veículo, pois o corpo da criança 
estava em chamas. A garota teve mais de 90% do corpo queimado e morreu no dia 6 
de janeiro.
 
Após o atentado, o entregador chegou a fazer tratamento em São Luís, mas no 
dia 8 de janeiro foi transferido para o Hospital Geral de Goiânia (HGG).
 
Ele passou por três cirurgias e foi levado para o Hospital de Queimaduras, no 
dia 13 do mesmo mês. Depois de um período de internação, foi liberado para ficar 
em casa com as irmãs, no último dia 21 de março.
Agradecimento
Antes de voltar para casa, Márcio fez questão de voltar ao HGG esta tarde 
para agradecer o trabalho feito pelos médicos e também a toda população 
goiana.
 
“Me ajudaram em tudo que precisamos. Até quando eu precisei de doação de 
sangue, os goianos que nem me conheciam foram lá e me ajudaram”, disse.
 
Ele pretende fazer o mesmo gesto com os profissionais do Hospital de 
Queimaduras, onde também realizou tratamento.
 
Irmã de Márcio, a educadora Assunção da Cruz Neves o acompanha desde quando 
ele desembarcou em Goiânia. Ela espera um encontro emocionante: “Vai ser o 
melhor presente de Dia das Mães que ela vai ter: receber o filho vivo”.
 
Outros dois irmãos do paciente viajaram a Goiânia para acompanhá-lo. A 
expectativa é de que todos eles embarquem para São Luís nas próximas duas 
semanas.
 
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