O segundo debate entre presidenciáveis
da campanha eleitoral deste ano provocou nesta segunda-feira (1) o
confronto entre as duas candidatas que aparecem empatadas em primeiro
lugar – ambas com 34% – na disputa pela Presidência da República,
segundo a mais recente pesquisa Datafolha.
Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) deram preferência uma à outra
nas oportunidades que tiveram para formular perguntas e foram
priorizadas nas perguntas formuladas pelos jornalistas.
Organizado por SBT, "Folha de S.Paulo", Jovem Pan e UOL e mediado pelo
jornalista Carlos Nascimento, o debate reuniu sete candidatos: Dilma
Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo
(PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB) – veja a cobertura em tempo real.
O candidato do PSDB, Aécio Neves, terceiro colocado na pesquisa
Datafolha, com 15%, trocou acusações com Dilma e concentrou as críticas
ao governo na áreas da economia e da segurança pública. Ao final do
debate, Aécio afirmou que a polarização entre as duas adversárias foi
uma estratégia de Dilma. "No momento em que você fica atrás no sorteio
do debate, você acaba entrando um pouco atrasado em alguns dos temas",
afirmou. Ele disse que não fez perguntas para Marina em razão das regras
do debate. "Quando iria fazer as perguntas, ela já havia sido
perguntada duas vezes", declarou.
Dilma e Marina
No primeiro bloco, de questionamentos entre os próprios candidatos, Dilma foi a primeira a ter o direito de formular pergunta e escolheu Marina para responder. Ela disse que as "promessas" que a adversária fez durante a campanha custarão pelo R$ 140 bilhões e quis saber de onde sairá o dinheiro.
No primeiro bloco, de questionamentos entre os próprios candidatos, Dilma foi a primeira a ter o direito de formular pergunta e escolheu Marina para responder. Ela disse que as "promessas" que a adversária fez durante a campanha custarão pelo R$ 140 bilhões e quis saber de onde sairá o dinheiro.
Marina respondeu dizendo que não são promessas, mas compromissos.
"Geralmente, quando é para subsidiar o juro do bancos, as pessoas, como
dizia Eduardo Campos, não ficam preocupadas em saber de onde veio o
dinheiro. Mas quando se trata de dizer que se vai tirar 10% para a
educação, para que nossos jovens tenham igualdade de oportunidades,
quando se diz que vai ter o passe livre, para que eles possam ter acesso
a escola, ao divertimento, aí vem essa pergunta", reagiu a candidata do
PSB.
No segundo bloco do programa, Marina foi questionada por um dos
jornalistas se o fato de não divulgar as empresas que lhe pagaram R$ 1,6
milhão nos últimos três anos por palestras não contradiz a "nova
política" que tem pregado. A escolhida para comentar foi Dilma.
Ao responder, Marina disse não ser contrária à revelação, mas que está
impedida de fazer isso por exigência contratual das empresas e que, se
estas concordarem em revelar, não fará objeção. "Vivo honestamente
daquilo que faço, todo mundo sabe que dou palestras para poder levar a
mensagem do desenvolvimento sustentável em todo o Brasil", disse.
Marina Silva
Ao comentar a resposta, Dilma disse que, quando se assume um cargo
público, "a transparência é uma necessidade". A presidente em seguida
passou a falar sobre a "governabilidade" e em favor da negociação na
política.
Marina rebateu dizendo que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e
Luiz Inácio Lula da Silva também poderiam divulgar quanto ganham com
palestras. "Eu busco a transparência e acho que essa transparência
deveria estar também para os R$ 500 bilhões que foram destinados ao
BNDES sem que estivessem no Orçamento público. Isso sim diz respeito à
vida dos brasileiros", afirmou a candidata do PSB.
Depois, Dilma e Marina intensificaram as críticas uma à outra.
Questionada sobre a economia em recessão e a insatisfação da população,
Dilma defendeu sua gestão argumentando que os governos petistas tiraram
36 milhões de pessoas da pobreza e elevaram 42 milhões à classe média,
disse que recessão é "momentânea", causada pela crise internacional,
menos dias úteis no ano e pela seca.
Ao comentar, Marina disse que Dilma não consegue reconhecer seus erros.
"Ela se elegeu dizendo que ia controlar a inflação, manter o país em
crescimento e ia fazer com que os juros baixassem. Hoje nós temos
inflação alta, temos baixo crescimento e nós temos uma situação de juros
altos. E a população paga um preço muito alto pela péssima qualidade do
serviços que estão prestados", disse a candidata do PSB, lembrando das
manifestações de junho de 2013.
Na réplica, Dilma disse que a autonomia do Banco Central, proposta por
Marina, "só levará a maior dificuldade na regulação do mercado
financeiro, o que aliás, foi um dos pontos centrais quando houve a crise
no mercado internacional". Dilma atacou os "pessimistas de plantão",
lembrando o êxito na organização da Copa. "O pessimismo é uma péssima
forma de avançar, porque você começa desistindo", afirmou.
Outra discussão entre Marina e Dilma foi sobre o petróleo. A petista
perguntou à adversária se ela tinha desprezo pelo pré-sal. Marina negou,
dizendo que trata-se de uma riqueza necessária para investir na
educação.
"Nós estamos reafirmando a necessidade de continuar explorando essa
fonte de energia. No entanto, nós não podemos ter uma visão de ficar
apenas onde a bola está. Nós temos que ir para onde a bola vai estar",
disse Marina, citando o potencial de geração de energia com biomassa,
fontes eólica e solar, "negligenciadas", segundo ela, no governo Dilma.
“O maior perigo para o pré-sal é o que foi feito com a Petrobras, uma
empresa que perdeu o seu valor e que foi usada politicamente para poder
dar conta dos índices de crescimento que não aconteceram e para reduzir o
risco da inflação de forma inadequada", completou.
Em resposta, Dilma rebateu dizendo que o Brasil investe em energia
eólica e que "o petróleo não pode ser demonizado como a senhora fala".
Aécio
O candidato do PSDB, Aécio Neves, se confrontou pela primeira vez com Dilma ao responder a uma das perguntas de jornalistas, sobre escândalos de corrupção que envolveram o PSDB. Ele foi questionado se o partido não era tolerante com a corrupção – Dilma foi escolhida para comentar.
O candidato do PSDB, Aécio Neves, se confrontou pela primeira vez com Dilma ao responder a uma das perguntas de jornalistas, sobre escândalos de corrupção que envolveram o PSDB. Ele foi questionado se o partido não era tolerante com a corrupção – Dilma foi escolhida para comentar.
O tucano disse que a "marca" do partido é a "austeridade". "Nós jamais
transformamos, e jamais transformaremos, eventuais filiados ao partido
que tenham cometido qualquer crime em heróis nacionais", afirmou, em
referência à defesa que o PT fez de filiados ao partido condenados à
prisão pelo Supremo Tribunal Federal.
Dilma afirmou que, no governo dela, a corrupção "jamais foi varrida
para debaixo do tapete" e disse que respeitou a autonomia da
Procuradoria Geral da República ao indicar o primeiro da lista enviada a
ela por procuradores para a escolha do procurador-geral. Ela usou esse
argumento para criticar o governo Fernando Henrique Cardoso, no qual,
segundo afirmou, havia um "engavetador-geral da República".
Aécio refutou, dizendo que um ex-diretor da principal empresa pública
do país, a Petrobras, está preso e que o governo tenta manipular as
informações para impedir as investigações de forma adequada.
O candidato do PSDB também questionou Dilma sobre o baixo investimento
em segurança pública. Ele disse que, do conjunto de investimentos em
segurança pública, somente 13% foram feitos com recursos da União.
Dilma afirmou que o governo federal deu apoio financeiro de R$ 141
milhões para Minas Gerais criar vagas em presídios e mencionou parceria
com o governo de Minas em todas as grandes obras de mobilidade urbana do
estado, como o metrô de Belo Horizonte.
Aécio afirmou que as propostas de Dilma são as mesmas de quatro anos
atrás. Segundo ele, em Belo Horizonte, "ganha um prêmio quem andar em um
palmo de metrô construído pelo governo do PT nos últimos 12 anos".
Fonte: G1
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