Os seres humanos têm uma repulsa inata em relação à
morte, porque fomos criados apenas para viver e nunca morrer. A morte é uma
intrusa. Ela não foi planejada.
Por isso, durante Seu ministério terrestre, Jesus
mostrou imensa compaixão pelos enlutados. Quando Ele viu a viúva de Naim,
levando seu único filho para a sepultura, “Se compadeceu dela e lhe disse: Não
chores!” (Lc 7:13). Ao desolado pai de uma menina de doze anos de idade, que
tinha acabado de morrer, Cristo consolou, dizendo: “Não temas, crê somente” (Mc
5:36). Toda vez que a morte atinge nossos queridos, Jesus é ternamente comovido
pela nossa dor. Seu coração compassivo chora conosco.
Mas Cristo faz muito mais do que chorar. Tendo
vencido a morte com Sua própria morte e ressurreição, Ele tem as chaves dela, e
promete ressuscitar para a vida eterna todo aquele que nEle crê. Essa é, sem
dúvida, a maior promessa da Palavra de Deus. Caso contrário, se a morte tivesse
a palavra final, toda a nossa vida e tudo que já realizamos teria sido inútil.
Como a
morte é vista em diferentes religiões e doutrinas?
De
maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição.
Já os espíritas creem na reencarnação: o espírito retorna à vida material
através de um novo corpo humano para continuar o processo de evolução. Algumas
doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou
vegetal. Em algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha outro
sentido: é a continuação de um processo de purificação. Nas diversas religiões,
o homem encara a morte como uma passagem ou viagem de um mundo para outro.
Filosofia
A
sobrevivência do espírito humano à morte do corpo físico e a crença na vida e
no julgamento após a morte já era encontrada na filosofia grega, em especial em
Pitágoras, Platão e Plotino. Já Sartre, filósofo francês, defendia que o
indivíduo tem uma única existência. Para ele, não há vida nem antes do nascimento
e nem depois da morte.
Doutrina
niilista
Sendo a
matéria a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo.
Doutrina
panteísta
O
Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal. Individualiza-se em cada
ser durante a vida e volta, com a morte, à massa comum.
Dogmatismo
Religioso
A alma,
independente da matéria, sobrevive e conserva a individualidade após a morte.
Os que morreram em 'pecado' irão para o fogo eterno; os justos, para o céu,
gozar as delícias do paraíso.
Budismo
O Budismo
prega o renascimento ou reencarnação. Após a morte, o espírito volta em outros
corpos, subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens ou animais), de
acordo com a sua própria conduta. O ciclo de mortes e renascimentos permanece
até que o espírito liberte-se do carma (ações que deixam marcas e que
estabelece uma lei de causas e efeitos). A depender do seu carma, a pessoa pode
renascer em seis mundos distintos: reinos celestiais, reinos humanos, reinos
animais, espíritos guerreiros, espíritos insaciáveis e reinos infernais. Estes
determinam a Roda de Samsara, ou seja, o transmigrar incessante de um mundo a
outro, ora feliz e angelical, ora sofrendo terríveis torturas, brigando e
reclamando. Em qualquer um destes estágios as pessoas estão sujeitas a
transformações.
De acordo
com o Livro Tibetano da Morte, existem 49 etapas, ou 49 dias, após a morte. Os
monges oram para que as pessoas atinjam a Terra Pura - lugar de paz,
tranquilidade e sabedoria iluminada - ou renasçam em níveis superiores.
Para
libertar-se do carma e alcançar a iluminação ou o Nirvana, o ciclo ignorância,
sede de viver e o apego às coisas materiais deve ser abolido da mente dos
homens. Para isso, a doutrina budista ensina a evitar o mal, praticar o bem e
purificar o pensamento. O leigo deve praticar três virtudes: fé, moral e
benevolência. Para eles, todo ser humano é iluminado, embora não tenha
consciência disso.
Hinduísmo
A visão
hindu de vida após a morte é centrada na ideia de reencarnação.
Para os
hinduístas, a alma se liga a este mundo por meio de pensamentos, palavras e
atitudes. Quando o corpo morre ocorre a transmigração. A alma passa para o
corpo de outra pessoa ou para um animal, a depender das nossas ações, pois a
toda ação corresponde uma reação - Lei do Carma. Enquanto não atingimos a
libertação final - chama de moksha -, passamos continuamente por mortes e
renascimentos. Este ciclo é denominado Roda de Samsara, da qual só saímos após
atingirmos a Iluminação.
No
hinduísmo, a alma pode habitar 14 níveis planetários distintos (chamadosa
Bhuvanas) dentro da existência material, de acordo com seu nível de
consciência. Quando se liberta, a alma retorna ao verdadeiro lar, um mundo onde
inexistem nascimentos e mortes.
Os hindus
possuem crenças distintas, mas todas são baseadas na ideia de que a vida na
Terra é parte de um ciclo eterno de nascimentos, mortes e renascimentos.
Islamismo
(Religião Muçulmana)
Para o
islamismo, Alá (Deus) criou o mundo e trará de volta a vida todos os mortos no
último dia. As pessoas serão julgadas e uma nova vida começará depois da
avaliação divina. Esta vida seria então uma preparação para outra existência,
seja no céu ou no inferno.
Quando a
pessoa morre, começa o primeiro dia da eternidade. Ao morrer, a alma fica
aguardando o dia da ressurreição (juízo final) para ser julgado pelo criador. O
inferno está reservado para as almas 'desobedientes', que foram desviadas por
Satanás. No Alcorão, livro sagrado, ele é descrito como um lugar preto com fogo
ardente, onde as pessoas são castigadas permanentemente. Para o paraíso, vão as
almas que obedeceram e seguiram a mensagem de Alah e as tradições dos profetas
(entre eles, os cinco principais: Noé, Abrão, Moisés, Jesus filho de Maria e
Mohammed). No Alcorão, o paraíso é descrito como um lugar com rios de leite,
córregos de mel e outras belezas jamais vistas pelo homem.
Espiritismo
Defende a
continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou pela reencarnação
em outro corpo. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente. Os que
praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria através das inúmeras
encarnações. Crêem na eternidade da alma e na existência de Deus, mas não como
criador de pessoas boas ou más. Deus criou os espíritos simples e ignorantes,
sem discernimento do bem e do mal. Quem constrói o céu e o inferno é o próprio
homem.
Pela
teoria, todos os seres humanos são espíritos reencarnados na Terra para
evoluir. A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico para a sua
verdadeira vida no mundo espiritual. E mesmo no paraíso, acredita-se que o
espírito esteja em constante evolução para o seu aperfeiçoamento moral.
As almas
dos mortos ligam-se umas às outras, em famílias espirituais, guiadas pela
sintonia entre elas. Consequentemente, os lugares onde vivem possuem níveis
vibratórios diferentes, sendo uns mais infelizes e sofredores, e outros mais
felizes e plenos.
Muitas
escolas espiritualistas - não todas - defendem a idéia da sobrevivência da
individualidade humana, chamada espírito, ao processo da morte biológica,
mantendo suas faculdades psicológicas intelectuais e morais.
Igreja
evangélica
Como no
catolicismo, os evangélicos acreditam no julgamento, na condenação (céu ou
inferno) e na eternidade da alma. A diferença é que o morto faz uma grande
viagem e a ressurreição só acontecerá quando Jesus voltar a Terra, na chamada
'Ressurreição dos Justos', ou, então, aqueles que forem condenados terá uma
nova chance de ressurreição no 'Julgamento Final'. Os que morrerem sem Cristo
como seu Deus também receberá um corpo especial para passar a eternidade no
lago de fogo e enxofre.
Igreja
Adventista do Sétimo Dia
Na Igreja
Adventista do Sétimo Dia, os mortos dormem profundamente até o momento da
ressurreição. Quem cumpriu seu papel na Terra recebe a graça da vida eterna, do
contrário desaparece.
Igreja
Batista
Creem na
morte física (separação da alma do corpo físico) e na morte espiritual
(separação da pessoa de Deus). Os que, após a morte física, acreditam ou passam
a confiar em Jesus Cristo, vão para o Paraíso onde terão uma vida de paz e
felicidade. Com a morte espiritual, a alma vai para o Inferno para uma vida de
angústia, sofrimento, dor e tormentos.
Catolicismo
A vida
depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um
Purgatório. Dependendo de seus atos, a alma se dirige para cada um desses
lugares.
A alma é
eterna e única. Não retorna em outros corpos e muito menos em animais. Crê na
imortalidade e na ressurreição e não na reencarnação da alma. A Bíblia ensina
que morreremos só uma vez. E ao morrer, o homem católico é julgado pelos seus
atos em vida. Se ele obtiver o perdão, alcançará o céu, onde a pessoa viverá em
comunhão e participação com todos os outros seres humanos e, também, com Deus.
Se for condenado, vai para o inferno. Algumas almas ganham uma chance para
serem purificadas e vão para o purgatório, que não é um lugar, e sim uma
experiência existencial da pessoa. Quem for para o céu ressuscitará para viver
eternamente. Depois do Juízo Final, justos e pecadores serão separados para a
eternidade. Deus julga os atos de cada pessoa em vida de acordo com a palavra
que revelou através de Seu Filho, com os ideais de amor, fraternidade, justiça,
paz, solidariedade e verdade.
Judaísmo
O
judaísmo crê na sobrevivência da alma, mas não oferece um retrato claro da vida
após a morte, e nem mesmo se existe de fato.
O
judaísmo é uma religião que permite múltiplas interpretações. Algumas correntes
acreditam na reencarnação, outras na ressurreição dos mortos. Enquanto a
reencarnação representa o retorno da alma para um novo corpo, a ressurreição é
definida como o retorno da alma ao corpo original.
Para os
judeus, a lei permite à pessoa que vai morrer pôr a sua casa em ordem, abençoar
a família, enviar mensagem aos que lhe parecem importantes e fazer as pazes com
Deus. A confissão in extremis é considerada importante elemento na transição
para o outro mundo.
Candomblé
Não
existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna. As almas que
estão na terra devem apenas cumprir o seu destino, caso contrário vagarão entre
céu e terra até se realizar plenamente como um ser consciente e eterno.
Os cultos
afro-brasileiros acreditam que os mistérios da vida e da morte são regidos por
uma Lei Maior, uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno. O
Candomblé vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na natureza.
Morrer é passar para outra dimensão e permanecer junto com os outros espíritos,
orixás e guias. Trabalha com a força da natureza existente entre terra (Aìyê) e
o céu (Órun). Nos cultos afros, o assunto de vida após a morte não é bem
definido.
Na Terra,
o objetivo do homem é realizar o seu destino de maneira completa e
satisfatória. Ao cumprir o seu destino na Terra, o ser humano está pronto para
a morte. Após a morte, o espírito será encaminhado ao Órun, para uma dimensão
reservada aos seres ancestrais, ou seja, eternos. O ser humano pode ser
divinizado e cultuado. Caso o seu destino não seja cumprido, os espíritos
ficarão vagando entre os espaços do céu e da terra, onde podem influenciar
negativamente os mortais. Como não se realizaram plenamente, estes espíritos
estão sujeitos à reencarnação. Já as pessoas vivas que sofrem as suas
influências negativas, precisam passar por rituais de limpeza espiritual para
reencontrar o equilíbrio.
Umbanda
A Umbanda
sofre influências de crenças cristãs, espíritas e de cultos afros e orientais.
Como não existe uma unidade ou um 'livro sagrado', alguns umbandistas admitem o
céu e o inferno dos cristãos, enquanto outros falam apenas em reencarnação e
Carma.
Na
Umbanda, morte e nascimento são momentos sagrados, que marcam a passagem de um estado
a outro de manifestação espiritual, morremos para um lado e nascemos para outro
lado da vida, o que nos aguarda do outro lado depende de nós mesmos.
A Umbanda
explica o universo através de sete linhas, regidas por Orixás. Ao morrer, a
pessoa será atraída por estes mundos espirituais. A matéria é apenas um dos
caminhos para a evolução do espírito. Sendo assim, a morte é uma etapa do ciclo
evolutivo, sendo a reencarnação a base da evolução. O objetivo maior do
nascimento e da morte é a harmonização e a evolução consciente do espírito.
Após morte, o ser humano leva consigo suas alegrias, sua fé, suas crenças, suas
mágoas e suas dores. E terá que lidar com elas, sempre contanto com o auxílio
dos espíritos mais evoluídos que o recepcionarão no outro lado da vida e o
ajudarão na sua adaptação no mundo espiritual.
Com a
morte do corpo físico, os espíritos bons podem se tornar protetores, enquanto
os maus (espíritos de pouca evolução, devido às poucas encarnações) podem virar
perturbadores. Os mortos (desencarnados) podem ser contatados, ajudados ou
afastados.
Por - Manoel Rodrigues
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