Servidoras públicas reféns em aldeia no MA afirmam que estão abaladas

 
Mulheres estão em aldeia Guajajara desde a última sexta-feira (10). Índios exigem melhorias no atendimento de saúde da comunidade.

As quatro servidoras públicas que são reféns de índios Guajajara numa aldeia na zona rural do município de Bom Jardim, a 275 km de São Luís, afirmam que estão abaladas com a situação. Elas não quiseram gravar enrevista mas afirmaram, em contato com a reportagem da TV Mirante, que estão sendo alimentadas, dormindo em redes e que têm liberdade para caminhar pela aldeia. Elas dizem, ainda, que estão abaladas com a situação por conta da distância das famílias.

Uma psicóloga, uma engenheira, uma técnica sanitarista e uma enfermeira estão sendo mantidas reféns por índios na aldeia Maçaranduba. Os índios exigem melhorias no atendimento de saúde da comunidade. As quatro mulheres são servidoras do Distrito Sanitário Especial da Saúde Indígena (Disei) foram até a aldeia realizar palestras sobre saúde. Uma equipe da Polícia Federal está no município de Alto Alegre do Pindaré, que fica a 20km da aldeia, tentando negociar a liberação das reféns.

Segundo o cacique da aldeia, a decisão de fazer as funcionárias reféns foi o modo encontrado pra conseguir uma reunião com o presidente do Disei, Alexandre Cantuária. "Só isso que estamos pedindo, que o coordenador venha aqui nos ouvir", afirma Antônio Guajajara.
Os Guajajara reclamam da precariedade nos serviços de saúde oferecidos pelos órgãos de promoção do bem-estar do índio. A enfermaria é improvisada, funciona numa casa, sem estrutura; os medicamentos são poucos e servem para poucas doenças. "A gente quer saber pra onde está indo o dinheiro da saúde indígena", reforça o cacique.
No local existe um posto de saúde orçado em quase R$ 500 mil e que já está em fase de acabamento, mas o prédio não trouxe ânimo aos índigenas. "Depois que esse posto tiver pronto será que vai vir remédio, médicos para atender a comunidade?", questiona Cláudio Guajajara.
Nessa segunda-feira (13), se reuniram na aldeia representantes da Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas (Coopima) e do Conselho Social Estadual da Saúde Indígena (Condiz), entidades que vieram dar apoio ao movimento e fazer mediação das negociações.

De acordo com o presidente da Cooapima, no Maranhão existem mais de 27 mil índios, organizados em 11 povos e todos sofrem com a falta de saúde. "Falta controle da atenção básica da saúde, respeitando as especificidades de cada povo", diz Silvio Guajajara.

Nessa segunda-feira, o G1 conversou com Gilberto Batista, marido da psicóloga Ivone Ferreira, uma das reféns do grupo indígena. Ele contou que o último contato com a esposa foi na noite de sábado (11), quando a técnica em enfermagem ligou para falar sobre o acontecido.

Gilberto disse que os índios exigem a presença do coordenador do Disei, Alexandre Cantuária, para que as conversas sejam retomadas. A maior preocupação dele está relacionada com a capacidade de barganha da Polícia Federal durante as negociações. “O que mais nos preocupa é que essa aldeia é reincidente em fazer reféns e são muito agressivos. Não sabemos até onde a Polícia Federal está autorizada a negociar. 

Queremos saber como estão as negociações, mas ninguém nos informa nada. Eles vão invadir a ilha onde fica aldeia? Como eles pretendem libertar os reféns? A gente precisa saber”, afirmou.  
Fonte: G1/MA
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